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No domingo passado dei uma aula de yoga especificamente destinada a abrir e relaxar a zona das ancas. Normalmente na véspera da aula recebo uma inspiração sobre o conteúdo da lição. Escrevo esta inspiração e mais tarde, num momento de silêncio, construo a lição. Depois, após a aula, as reacções mostram que havia uma grande necessidade de trabalhar nessa parte específica do corpo. Hoje em dia confio completamente nestas inspirações; no meu conhecimento interior; no facto de que quando penso em alguém, estou também ligado a essa pessoa. Os meus fiéis iogues estão sempre algures na minha cabeça e quando surge uma tal inspiração, começo a trabalhar com ela.
Para mim, o corpo humano não é apenas um veículo para a alma que torna possível a vida na terra. É muito mais do que isso. O corpo é quem tu és. Tu és o corpo. Cada pensamento inconsciente, experiência, emoção que tens, está em todas as células do teu corpo. O que sentes em termos de dores, doenças e desconfortos vem de um primeiro pensamento de que nunca ficaste consciente e que tomaste como certo.
Pode ser que não tenhas tempo para prestar atenção a uma emoção. Afinal, estás a viver, queres diversão e acima de tudo, não queres aborrecimentos. Assim, a emoção permanece não processada como um grande ou pequeno trauma à espera no teu corpo. Porque nunca desaparece por si só. Continuas viver a tua vida e um dia, recebes queixas físicas. Vais-te ao médico, ele faz um exame, faz um diagnóstico e dão-te tratamento e medicamentos. Isto pode tirar a dor, mas não tira a causa e, mais cedo ou mais tarde, essa causa voltará a apresentar-se com os mesmos sintomas ou com algo que se pareça com isso. E continuará até se ouvir a ti próprio. E ouvir-te a ti próprio é o mesmo que ouvir o teu corpo. O corpo diz-te realmente como estás na vida.
As ancas, por exemplo, representam não só a capacidade de poder suportar todo o teu ser, mas também a estrutura, as linhas fixas que traças para ti próprio e a escolha de uma certa direcção na vida. As ancas significam prestar atenção a ti próprio e depois viver a tua vida de uma forma equilibrada, sem hesitação. Assim que sentir desconforto ou dor na zona das ancas, sabes imediatamente que é uma questão de emoções não processadas que têm a ver com a tua auto-estima. Porque, se duvidar de ti próprio, ficarás desequilibrado.
Ao fazer as posturas que dou na aula, cria-se muito espaço na zona da anca. Assim a emoção, o trauma, pode entrar em movimento sem que tenhas de falar sobre isso durante horas com um terapeuta. Nem sequer precisa de saber do que se trata. Dás uma atenção afectuosa a ti próprio e nesse espaço surge um profundo relaxamento em que a emoção ou o trauma te podem soltar. As histórias são por vezes contadas apenas semanas depois.
Parece bom demais para ser verdade. Acreditem em mim, é verdade. Quando vejo os rostos dos iogues depois de uma aula e sinto a sua energia, sei que a inspiração recebida é correcta para aqueles que estão perto de mim e também para mim mesmo. Nós, humanos, estamos profundamente ligados e, portanto, o espelho um do outro. E tudo é feito por nós. Se ao menos pudéssemos ouvir e escutar com o coração.