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No fim de semana conduzi até a casa da minha irmã, só para ver se os trabalhadores fizeram progresso. Sabes, o terreno tem anos de manutenção vencida e ninguém gosta disso aqui. Corre o risco de receber uma multa pesada do município se ele passar de carro e descobrir que a vegetação rasteira é tão grande que cria risco de incêndio.

Não é longe daqui, mas a paisagem muda. São apenas sete minutos de carro do nosso terreno bastante plano até a quinta da Patricia, mas quanto mais perto chega da fronteira com a Espanha, mais montanhoso se torna. Essas montanhas estão repletas de enormes rochas de granito que pode ver claramente no inverno.

Agora é primavera e aquelas rochas parecem desabrochar com cachos de flores amarelas. É a giesta em flor. Abro a janela e sinto o cheiro inebriante. Não me lembro de ter visto tanta giesta florescendo antes. E isso mesmo. Segundo os habitantes mais velhas é único. Não é assim há décadas. As muitas chuvas de inverno, também raras nos últimos anos, terão algo a ver com isso.

Os trabalhadores progrediram porque o terreno inclinado está mais transparente e se torna num bosque de pequenos sobreiros que foram salvos de asfixia pelo crescimento excessivo e agora têm espaço suficiente para crescerem. Vai ser lindo.

Enquanto isso, abro as persianas e portas da casa e fecho as redes mosquiteiras. Depois pego uma cadeira e coloco no alpendre, protegida do vento e na sombra. Acho que está quente demais no sol. Tenho um livro comigo, mas não consigo ler. A vista é deslumbrante.

Posso ver duzentos quilómetros na distancia. As montanhas no horizonte estão envoltas em uma névoa leve. O céu está claro e azul e a quantidade de tons de verde me oprime. Oliveiras, sobreiros, alguns pinheiros, carvalhos, azinheiras. Cada folha é diferente.

De baixo fica a rua que liga Ponte Velha a Galegos onde passa um carro. Dez minutos depois, um trator. Os pássaros voam. Vejo duas águias no alto do céu.

Enquanto me sento com meu livro no colo e as pernas no banco de pedra, percebo que não sei o que está a acontecer atrás das montanhas. Dizem que há uma pandemia. Não faço ideia porque estou aqui e não experimento a vida trás as montanhas e aqui nesse momento a minha realidade.

Claro que Portugal, como Holanda e todos os outros países, foi duramente atingido. Também aqui tudo está fechado há meses. As cidades em particular tiveram que suportar isso. Os comerciantes, alunos e estudantes. No campo de Alto Alentejo, a vida continua como sempre.

O bom de viver aqui em Portugal são os meus vizinhos e amigos portugueses do concelho de Marvão que permanecem amigáveis ​​e cuidadosos e continuam a irradiar o seu humor, alegria e savoir vivre.